13. Mise-en-scène do horror: O ato de matar

Autores

  • Guillermo Matías Gumucio Universidade de Mogi das Cruzes

Resumo

Onde fica fronteira entre a ficção e o documental? Essa é uma pergunta recorrente desde o marco inaugural do cinema documentário. Nanook, o esquimó, um clássico do cinema documentário silencioso de 1922, talvez tenha sido um dos primeiros filmes a levantar, ainda que não de forma pró-ativa, essa questão. Robert Flaherty filmou o cotidiano de uma família de esquimós no ártico canadense e, alguns anos depois do lançamento, veio a público informações de que o filme apresenta uma série de incongruências, como o fato cabal de o protagonista não se chamar Nanook, mas Allakariallak, e de que alguns dos rituais retratados (como a caça, por exemplo) são obsoletos naquele povo há muito tempo. A discussão prosseguiu ao longo dos anos, seja de forma ensaística, como em Crônica de um verão (dir. Edgar Morin; Jean Rouch, 1960), ou, mais implícita, como no cruel Terra sem pão (dir. Luís Buñuel, 1932), e até hilária, como This is Spinal Tap (dir. Rob Reiner, 1984). De tempos em tempos, surgem filmes que fazem o amálgama entre ficção e documentário das formas mais inesperadas, mas nenhuma obra nos últimos anos trabalhou com o horror, o horror conradiano, como O ato de matar (2012).

 

Abstract: Where is the frontier between fiction and documentary? This is a recurring question since the inaugural landmark of documentary film. Nanook, the Eskimo, a classic silent documentary filmmaker of 1922, was perhaps one of the first films to raise, if not proactively, that issue. Robert Flaherty filmed the daily life of an Eskimo family in the Canadian Arctic and, a few years after the release, information was released that the film presents a series of incongruities, such as the fact that the protagonist does not call himself Nanook, but Allakariallak, and that some of the depicted rituals (such as hunting, for example) have been obsolete in that people for a long time. The discussion continued over the years, whether in an essayistic way, as in a Chronicle of a Summer (Edgar Morin, Jean Rouch, 1960), or, more implicitly, as in the cruel Land without bread (Luís Buñuel, 1932) , and even hilarious, such as This Is Spinal Tap (directed by Rob Reiner, 1984). From time to time, films that make the amalgam between fiction and documentary of the most unexpected forms appear, but no work in the last years has worked with the horror, the conradiano horror, like The act of killing (2012).

Biografia do Autor

Guillermo Matías Gumucio, Universidade de Mogi das Cruzes

Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade de Mogi das Cruzes.

Referências

CAVENACCI, Massimo. Antropologia do cinema: do mito à indústria cultural. 2.ed. rev. e ampl., São Paulo: Brasiliense, 1990.

MATTOS, A. C. Gomes de. O outro lado da noite: filme noir. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.

MORRIS, Errol. The murders of Gonzago: how did we forget the mass killings in Indonesia? And what might they have taugh us about Vietnam?. Slate [S.l], 10 jul. 2010. Disponível em: http://www.slate.com/articles/arts/history/2013/07/the_act_of_killing_essay_how_indonesia_s_mass_killings_could_have_slowed.html>. Acesso em 3 mar. 2016.

NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Tradução de Mônica Saddy Martins. Campinas, Papirus, 2005.

RAMOS, Fernão Pessoa. A mise-en-scène do documentário: Eduardo Coutinho e João Moreira Salles. In: Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, ano 1, n. 1, jan.-jun., 2012. Disponível em: <http://www.socine.org.br/Rebeca/pdf/rebeca_1_1.pdf>. Acesso em 3 mar. 2016.

Downloads

Publicado

12-11-2016

Como Citar

Gumucio, G. M. (2016). 13. Mise-en-scène do horror: O ato de matar. Revista Científica UMC, 1(1). Recuperado de https://seer.umc.br/index.php/revistaumc/article/view/14

Edição

Seção

Resenha Crítica